O conforto que achegam as relíquias vem na realidade do ar familiar que lhes outorgamos. Do jeito em como nos levam a momentos e épocas que vivemos ou que percebemos como vividas. O seu poder arraiga no fundo dessa percepçom, no enorme fator imaginário com que configuramos a nossa relaçom com elas.
Fam-nos sonhar a nossa própria vida, obrigam-nos gerar a familiaridade confusa com a que nos ligamos a elas. Mesturam o puro conforto das cousas conhecidas com o poder desse sonho, que é o que achega o extraordinário, que supom o gume com o que nos esgaçam.
A nossa relaçom com elas, com esses elementos alheios que nos tocam no fundo a nos falar do transitório e do que já nom está, ativa partes do cérebro que nom conseguem acordar elementos e paisagens quotidianas que levamos carregando toda a vida e que nos mantenhem em ligaçom real com o passado (paisagens que som rotineiras, gastas, mais parte da realidade atual do que no passado).
Nas relíquias há que criar, consciente ou inconscientemente, essa relaçom com nós mesmos. Exigem estar atentos aos seus tons, procurar-lhes os aspectos que há nelas nas que atopamos ecos de nós mesmos para ver como nos ferem. Levam a selecionar e geram destilados puros de passados, conetam com lugares compostos maiormente de imaginaçom e, polo mesmo, mais evocadores do que qualquer lembrança real.
E velaí a magia, o poder que mantenhem, o enganche que nos geram. Dam-nos a arma para nos magoar a nós mesmos a achar de menos mundos que nom existem e que nunca fórom na realidade, como quem tem saudades de Ithilien.
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